quinta-feira, 1 de abril de 2010

Batem á porta, e tudo se recorda.

Estava eu super sossegadinha na minha farmville, quando me batem á porta. Vou abrir, e o que me dizem é dia de pedir esmola, a tua mãe está? Meu deus, pedir esmola. Ainda há crianças a pedir esmola, veio-me logo á cabeça a minha infância. Quando saimos de casa de manhã cedo, mas em grupo e iamos pedir esmola com uma saquinha de pano ao pulso. Mas eu ainda sou do tempo em tambem davam milho. Odiava e não entendia porque o faziam. Dizia um muito obrigado, muito simpática e quando chegava a casa ficava fula. E dizia ao meu pai furiosa..." Então mas se eu vou pedir esmola, porque me dão milho? O milho é para as galinhas, são uns estúpidos". E o meu pai lá me explicava que no tempo dele era assim, davam milho, feijão e por aí. E que ninguem era obrigado as dar-nos dinheiro. Mas eu com a minha inocência de infância não entendia. Ficava amuada na mesma, prometendo a mim mesma que para o ano não voltaria lá. Talvez agradecessem... Lembro-me perfeitamente de ir a casa de um senhor, que sinceramente já nem me recordo o nome, e ele não estar. Então muito desinibida, quando oencontrei no café disse: "fui a tua casa pedir esmola e tu não estavas!" O meu pai ficou para morrer de vergonha, eu a achar que era super normal o que fiz. O senhor muito sorridente e simpático disse-me" Não seja por isso. Toma lá 100 escudos, e assim ficam só para ti, não tens que os dividir!" Imagino a minha cara de contentamento. 100 escudos só para mim,Uau! Dava para comprar imensas gomas. A verdade é conseguiamos amealhar imenso dinheiro, e que dividiamos pelo grupo e ainda dava 500 escudos e nos melhores dias 1000 escudos. Era imenso dinheiro para miudos com os 8/9 anos. Para nos dava para imensas coisas. Mas este tempo já se foi, a infância não volta mais. Os sorrisos inocentes com a idade vão-se apagando, o dizer tudo o que se sente com o tempo tambem se vai apagando. E agora somos adultos que recordam com saudade o tempo de criança, que passou tão rápido. E tudo isto porque veio uma criança bater-me a porta a pedir esmola, lá lhe dei 50 cêntimos e lá ia ele todo contente... A alegria de uma criança é algo que nada paga. Fechei a porta e recordei a diferença que um ano faz quando temos 9 anos ou 21. Porque se eu prometia a mim mesma que nunca mais voltava aquela casa, no ano aseguir já esquecia, enquanto que hoje quando fechei a porta lembrei-me nitidamente do ano passado. Em que o mesmo miudo me veio bater á porta, e num ano tudo mudou, nada é igual... Mas o sorriso daquela criança manteve-se igual. Que a inocência e a alegria da infância lhe dure durante muito tempo...

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